Duas dezenas de académicos reunidos em Lisboa em Outubro de 1990 quiseram alterar o destino de um idioma falado por 250 milhões de pessoas: assim nasceu o chamado Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Impondo frases absurdas, como «o correu [co-réu] correu para a audiência» ou «ninguém para [pára]o Benfica». Contestado por vozes autorizadas de diversos quadrantes, quase sem ninguém a defendê-lo, mesmo assim foi adoptado pelo Estado português. À revelia das normas jurídicas, dos pareceres de muitos especialistas e do mais elementar bom senso. Em 2008, ao ser aprovado no Parlamento, só quatro deputados votaram contra. Hoje, vários outros não escondem críticas. O Presidente da República ratificou-o, mas admite que em casa continua a escrever como aprendeu na escola. O ministro da Educação confessa: «Eu não gosto de mudar a maneira de escrever.» Valerá a pena manter algo que quase ninguém quer? Este é o livro politicamente incorrecto, sem deixar cair o c, que prova que não.