Uma poderosa história passada em Moçambique, na Maputo contemporânea.
Um ajuste de contas de um homem apátrida com os fantasmas do seu passado e do passado das suas duas pátrias.
Este romance conta a história de um homem – um branco, português, de uma família de retornados a Portugal com a descolonização – que regressa à cidade onde viveu a sua infância e juventude.
A cidade é a mesma, e é outra – chama-se Maputo. Na alterada geografia poucos marcos se mantêm: uma amizade, os fantasmas que lhe povoam a solidão, e a Vila Algarve.
Procurando um lugar incerto na vastíssima cidade, entre o bar do Esperança e a morada do seu desespero, só o amigo de infância, tornado professor e poeta – o narrador desta história – e a sua doce Fathma surgem a Dória como refúgio, família e ninho. De resto, todas as memórias de quem ainda luta pela verdade – como Mavuze – o velho inspector da polícia, convergem para a Vila Algarve, a sede da PIDE na então Lourenço Marques, onde foram interrogados, torturados e mortos muitos opositores ao regime e muitos intelectuais e artistas moçambicanos.
É tempo de confrontar os fantasmas: os próprios e os alheios.
«Na parede lateral interior, do lado direito do bar, havia uma foto de um pórtico situado na entrada principal da Vila Algarve, suspensa e resguardada com uma moldura simples e funcional que o Esperança tinha encomendado a um primo de Inhambane, da família de Lucinda, sua augusta mulher. E na fotografia estava escrito: «Presos na Vila Algarve».
Excerto do livro:
Um novo romance do mesmo autor de «O Trompete de Miles Davis», que confirma Francisco Duarte Azevedo como uma voz a ter em conta na literatura portuguesa contemporânea.
O QUE DIZ A CRÍTICA SOBRE O LIVRO ANTERIOR DO AUTOR
«Porque me comove O Trompete de Miles Davis? Porque é um livro que alcança muito mais do que pretende e atinge muito mais longe do que anuncia. Porque, nesse desprendimento, nos entrega figuras que nunca mais se afastam de nosso pensamento. Um primeiro livro que parece ser o sexto.»
Lídia Jorge
«Francisco Azevedo mostra-nos que a escrita é uma casa: «até um pássaro busca o seu ninho», lê-se neste romance que convida o leitor a ser detective nas páginas para prazer da sua leitura. Esperemos que a casa se amplie, pois este foi um início de gigante.»
Teresa Sá Couto in Orgia Literária