Ninguém se lembra que tudo é vaidade. Vanitas vanitatum, et omnia vanitas. Assim sendo, estamos perante uma obra vaidosa, escrita num estilo assumidamente teatral e repleto de simbolismo, graças ao qual o enredo centrado na família Rokh adquire um elevado grau de dramatismo. As ações fúteis, os pensamentos ocos e as vontades vãs traçam o destino de Ricardo e Lara, assim como dos seus filhos, Dionísio e Celeste.
A necessidade de incutir aos diálogos um tom a uma vez sério e sarcástico encontra na avozinha a voz perfeita, ao som da qual mergulhamos numa mordacidade filosófica, que relembra a sátira do conto voltairiano. Talvez por isso, o autor enceta amiúde uma conversa direta com o leitor, levando-o a perceber que nada é certo na vida. O poder, a beleza física, o amor e até a veracidade da História, tudo é varrido por um vendaval de frivolidade. Tanto na vila como no longínquo Oriente. Resta saber quem mata: o destino ou a vaidade?