Numa madrugada do mês de Junho de 1989, enquanto se desenrola a repressão brutal das manifestações estudantis da Praça Tienanmen, em Pequim, Lin Ying, uma jovem poetisa, foge através das ruas espectrais da cidade, por entre as balas e os tanques, tentando chegar a casa do amante.
Ao chegar aí, porém, descobre-o na cama com a mulher de quem afirmara estar a divorciar-se.
Perturbada por essa dupla traição, a jovem vai então deambular pelo pesadelo em que Pequim se tornou, até que um outro estudante lhe oferece guarida em sua casa.
Numa atmosfera tensa de desconfiança política e de abandono por parte da sua liderança, Lin Ying e os seus companheiros vão viver os meses que se seguem a essa noite num perigoso equilíbrio entre o hedonismo e a audácia.
Mergulhada no turbilhão em que o presente se tornou e nas memórias dolorosas do passado recente, Lin Ying entrega-se à sexualidade como à derradeira genuína liberdade que lhe é consentida - uma liberdade que pode eventualmente conduzir à traição.
Corajoso, apaixonado e profundamente erótico, este romance é o protesto simbólico de uma geração de chineses «nascidos para viver uma tragédia».
Proibido no seu país, onde no entanto se vende clandestinamente, O Veráo da Traição fez de Hong Ying uma das vozes mais célebres e talentosas da literatura chinesa dos nossos dias.