Tudo está mal na vida de El-Rei. Apesar de ser o mais afortunado dos monarcas — tornou-se, inesperadamente, detentor do trono e poderosíssimo —, o outro lado da sorte trai-o: é assaltado por terríveis pesadelos; sofre de varizes, que lhe causam dores horrendas; os seus sogros, católicos e radicais, odeiam-no; a sua nova esposa recusa-se a consumar o matrimónio, fugindo do leito; os judeus tiram-lhe o sono; um dos mais delicados nobres, dos muitos que o rodeiam, resolve transformar a Corte num gigantesco ponto de encontro de prazeres eróticos; e até uma velha prostituta, agora conselheira real, resolve traí-lo, aconselhando mal a sua pudica esposa que tanto precisa de aprender a usar o corpo para criar descendência…
Ignorando a História tal como foi e ironizando tal como lhe apraz, este texto, divertido e picaresco, cheio de personagens que relembram algumas bem nossas conhecidas, aparentemente criado num ambiente de há mais de 500 anos, é na verdade um retrato do que hoje somos, concluindo que, afinal, venturosos somos nós — quando pegamos no nosso destino e o lideramos.