«Publicado por ocasião da exposição Botânica, concebida por Vasco Araújo para o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, este livro procura reflectir sobre os interesses e as motivações de um acto criativo de grande profundidade, orientado para uma revisão crítica sobre a nossa memória colectiva, seus mitos e sedimentações mais nefastas. O conceito e a imagem perene de um «exótico» polémico, que nos aprisiona ainda, de alguma maneira, o sentido e o prisma, são elementos trabalhados pelo artista em direcção a uma arqueologia dos significados, revelando simultaneamente uma extraordinária convicção imagética, social e política.»David Santos «"Botânica" é uma série incómoda, desafiante da nossa habitual modorra perante um passado comprometedor. As imagens com que o artista nos confronta são, ainda hoje, polémicas, muitas foram resguardadas do olhar das gerações que se seguiram ao império e à guerra colonial, como forma de desresponsabilizar consciências e introduzir semânticas opacas de luso-tropicalismo e lusofonia. Existe, na obra de Vasco Araújo, um permanente esforço de conhecimento do Outro, afirmando-se como um dos raros artistas, no panorama contemporâneo nacional, com importantes contributos para a cultura de pensamento sobre o mesmo. […] O tema da discriminação está presente em grande parte do trabalho de Vasco Araújo, nas suas mais variadas facetas e contextos […]. A violência, a sexualidade, o género, a educação, a violação de direitos humanos, as estratégias de submissão, a anulação de culturas e pensamentos, de estruturas políticas, sociais e económicas, bem como a construção de estereótipos na premissa do «exótico» são os temas desta nova série.»Emília Tavares