Recuperar a Atemporalidade das origens é uma forma de integrar a Morte no percurso de vida do ser humano e de certa maneira lhe conferir Imortalidade: reactualizando o tempo dos inícios, potencia-se a fecundidade do princípio cosmogónico. A verdade é que, se esta forma de interpretação do Mundo é ainda reconhecível na maioria dos textos que analisámos com "travestis" femininos ( memória de rituais com disfarce intersexual acompanhado de "padrinho", mudança de nome, corte de cabelo, "provas", ela surge como referente cultural bem mais remoto nos textos de " travestis" masculinos, onde o disfarce já não é mais que uma forma astuciosa de conquistar uma mulher "inacessível" : se já não está presa na torre de onde o príncipe a virá libertar, continua prisioneira, na sua casa ou no convento, das severas regras de comportamento sexual e cívico que a sociedade para ela codificou.