Em 1966, Truman Capote, muito enriquecido graças à recente publicação de A Sangue-Frio, abandonou o seu humilde apartamento em Brooklyn, juntamente com o seu recheio - que incluía uma caixa de documentos que o porteiro salvou da beira do passeio. No final de 2004, este tesouro de documentos de Capote foi a leilão na Sotheby`s. No conjunto, estavam incluídos quatro cadernos de escola que continham o manuscrito de Travessia de Verão, romance que Capote começou a escrever em 1943, e que acabou por deixar de lado quando as suas atenções se voltaram para aquilo que seria a sua espectacular estreia literária, Outras Vozes, Outros Quartos. (No entanto, Capote continuaria a retocar Travessia de Verão intermitentemente durante dez anos até o pôr de lado definitivamente.) Desde a sua morte em 1984, que os estudiosos e biógrafos de Capote davam o manuscrito como perdido, e para sempre. A noção de amor e de juventude tenaz está mais que viva na espantosa história que encerra este manuscrito esquecido. Passado em Nova Iorque, logo a seguir à Segunda Guerra Mundial, Travessia de Verão é a história de uma jovem abastada e descontraída, Grady McNeil, que os pais deixam por sua conta no apartamento com terraço de família na Fifth Avenue durante todo o Verão. Largada à sua sorte, Grady deixa subir a temperatura no caso secreto que anda a ter com um judeu nativo de Brooklyn, veterano de guerra, que trabalha como vigilante de um parque de estacionamento. À medida que a estação passa, o romance torna-se mais sério e moralmente ambíguo, e Grady acaba por ter de tomar uma série de decisões que irão afectar para sempre a sua vida e as vidas de toda a gente em seu redor.