A especificidade da tradição africana parece opor-se à originalidade da racionalidade moderna. Enquanto a tradição africana encerra homens e sociedades numa totalidade na qual a própria experiência – ou seja, o saber e as condições de acção – se impõe como um todo, a racionalidade moderna propõe uma organização contratual da sociedade, uma manipulação técnica da natureza e uma interpretação semiótica do real. Nessa perspectiva, a racionalidade moderna tendeu a impor-se em detrimento da tradição. Esta é, contudo, passível de se abrir, de reagir e, eventualmente, de sobreviver, metamorfoseada. Analisando a crítica radical de África pelo Ocidente, a presente obra procura as condições para que possam emergir novas sociedades africanas, não folclóricas e excêntricas, mas humanas e funcionais na afirmação de si mesmas e na sua participação no universal.