«Durante o meu percurso poético de quase trinta e cinco anos, vários foram os jovens poetas que fui conhecendo e com cuja obra fui tomando contacto. E pude perceber que há gente nova com muito talento, com mais ou menos maturidade, com mais ou menos capacidade para exibir aquilo que faz os verdadeiros poetas, isto é, uma inequívoca capacidade inovadora, a necessidade de contrariar o que já está dito, o que já está escrito, a não resignação a produzir mais do mesmo.
Um dos novos poetas que mais me entusiasmou foi Alexandre Gonçalves. A sua escrita simples (não confundir com fácil, que é exactamente o contrário), luminosa, clara, é uma escrita igualmente sólida, sem recorrer a artifícios, sem preocupações com os modismos instituídos na nova poesia portuguesa, que levam os jovens escritores a não ter voz própriam, a parecer-se com uma horda de galos de barcelos com padrões instituídos, com regras que parecem querer dizer: poesia é isto! E como nunca ninguém conseguirá afirmar isso consequentemente, eu posso, lendo este primeiro livro de Alexandre Gonçalves, dizer: isto é poesia!» Joaquim Pessoa