Esta não é a estória dum homem que não sabe se nasceu no mar ou na terra.
Não é também, a estória dum homem que morre ao perseguir um veado.
Esta é a estória do início duma dúvida, a que se coloca no dúplice olhar a realidade e a sua própria ficção.
Em síntese, trata-se duma narrativa modulada por espelhos de várias cores que se repetem em dualidade constante.
Sendo, contudo, uma estória de poder é, por homóloga, uma estória de amor, ou de alguém que assiste por dentro do livro que escreve à derrocada do amor e do poder em cada palavra que é uma metáfora em carne viva.
Mas nem mesmo a salvação da escrita protege e apazigua.
Afinal, quem escreveu As Tiras da Roupa de Macbeth ?
Este livro é um livro cuidado na língua e sua estrutura, transgressor ao nível do comportamento linguístico e da gramática textual, obsessivo e violento na ficção.
Não foi um livro escrito em pergaminho, mas um texto gravado, à mão., em pano cru.
Toda a ficção pode dar uma grande peça de teatro, toda a peça de teatro dará, por invariável, um excelente filma, As Tiras da Roupa de Macbeth assume-se unicamente como literatura.