Na Tenda do Milagres, Ladeira do Tabuão, 60, reitoria da universidade popular, mestre Lidio Corró e Pedro Archanjo, o reitor, compõem e imprimem um livro sobre o viver baiano; ao lado da Igreja do Rosário dos Pretos, a Escola de Capoeira Angola é o espaço do mestre Budião - a universidade livre concentra-se na região do Pelourinho e espalha-se por toda a cidade. Estes territórios do saber popular materializam o ideal de uma sociedade humana resistente às propostas do novo século - tecnológico e elitista. Neles, o eterno antagonismo entre humanistas e pragmáticos evidencia-se e gera confrontos. Numa das margens, Pedro Archanjo Ojuobá, o herói boémio e erudito, autor de importantes obras etnológicas, estudioso da cultura baiana; na outra extremidade, Nilo Argolo, caricatura de importações ideológicas e vanguardistas, inimigo da mestiçagem «degradada e degradadora». Tenda dos Milagres, escrito em 1969, tem como tema central a oposição entre dois mundos heterogéneos, transcendendo no entanto os limites da sátira da vida literária e intelectual brasileira e do libelo contra o preconceito racial.