A permanência da arte da talha em variadas igrejas de Lisboa testemunha a viagem desta arte que começou a firmar-se nos alvores do maneirismo, conheceu o seu apogeu na época barroca e foi-se gradualmente desvanecendo ao longo de finais do século XVIII e princípios do XIX. A outrora presença intensiva desta arte nos interiores dos nossos templos, de que hoje possuímos ainda alguns exemplos paradigmáticos, testemunha a sua relevância e o génio técnico e artístico dos nossos mestres entalhadores e escultores de retábulos. Dotada de características únicas, aliando a arte do entalhe e da escultura com a do douramento e do estofado, a sua presença nas nossas igrejas foi constantemente solicitada pelos mais diversos encomendadores; ordens religiosas, irmandades, particulares, todos contribuíram para a sua proliferação e domínio dos interiores dos espaços sacros.