Pretende este manual preencher uma lacuna que se vinha sentindo nas cadeiras de Sociologia das Organizações (1988–1998) e de Sociologia da Empresa (2000–2010), por nós leccionadas, quer na Licenciatura de Sociologia da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), quer nas Licenciaturas de Sociologia, e Sociologia e Planeamento do Instituto de Ciências do Trabalho e da Empresa — Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), respectivamente, nas duas últimas décadas.
Um manual permite aos alunos e, eventualmente a outros públicos interessados nestas matérias, um maior envolvimento e um mais fácil contacto com aquelas, nomeadamente quando concebido com preocupações eminentemente pedagógicas e didácticas. Assim, procurou-se fazer uso de uma linguagem acessível, tanto quanto permitem as temáticas, por vezes, de uma grande complexidade para iniciados,mas não abdicando do rigor terminológico, e a referência, ora no corpo do próprio texto, ora sob a forma bibliográfica, da produção sociológica nacional, sem prejuízo dos incontornáveis contributos de autores já clássicos e contemporâneos.Por outro lado, a estrutura do manual é largamente tributária do conteúdo programático da cadeira de Sociologia da Empresa.
Num tempo em que a academia portuguesa não é estranha a omissões,exclusões e à atribuição indevida de estatutos, porque não é imune a um efeito de anomia societal,com os seus correspondentes efeitos perversos na vivência das sociabilidades quotidianas entre pares,tornou-se um imperativo categórico mencionar todos aqueles, que independentemente do seu estatuto,têm contribuído com investigações,teses e monografias para um acervo mais alargado de conhecimentos sociológicos, nas três últimas décadas, sobre as dinâmicas de funcionamento das estruturas sociais de produção, e ainda no que respeita ao exercício da profissão de sociólogo.Deste modo,da confluência destes trabalhos empíricos e teóricos, esta obra visa conduzir o leitor para os fundamentos de uma sociologia da empresa e das organizações explicativa e crítica, de acordo com a dupla tradição durkheiniana e weberiana, das sociedades de trabalho.