O que é o desenvolvimento? O que é que possibilita a modernidade, o progresso, o crescimento? Desde Adam Smith e Karl Marx até Max Weber e Fernand Braudel, não cessou a questão sobre as causas da «riqueza das nações» ou da sua pobreza. A maioria dos pensadores privilegiou as justificações materiais: capital, trabalho, recursos naturais, clima. E se as mentalidades e os comportamentos constituíssem o principal factor do desenvolvimento - ou do subdesenvolvimento? Alain Peyrefitte, para avaliar a fecundidade desta hipótese, propõe-se revisitar a história da cristandade ocidental entre os séculos XV e XVIII. O autor revela, em particular, que o desenvolvimento europeu encontra a fonte naquilo a que apelidou de um «ethos da confiança» - uma disposição do espírito que abalou tabus tradicionais e favoreceu a inovação, a mobilidade, a competição, a iniciativa racional e responsável. Estudo de enorme fascínio que poderá levantar questões fundamentais, que têm a ver, em primeiro lugar, com a importância que a análise e a história das mentalidades tem ganho ultimamente, e, principalmente, porque esta obra levanta outra interrogação primordial: não será precisamente aquela confiança que, hoje, em dia, temos necessidade de recuperar? Como?