"A deceção é uma experiência universalmente partilhada pelos homens. Enquanto ser de desejo cuja essência é negar o que é – Sartre dizia do homem que ele não é o que é e que é o que não é – o homem é um ser que espera e que, assim, não pode esca-par à experiência da deceção. Desejo e deceção andam lado a lado, a diferença entre expetativa e real, princípio de prazer e princípio da realidade, raramente são satisfeitos. Mas se a deceção faz parte da condição humana, será necessário observar que a civilização moderna, individua-lista e democrática, lhe deu um peso e um relevo excecionais, uma superfície psicológica e social sem precedentes históricos."