Esta colectânea de escritos pode-se considerar uma natural continuação dos Seis Passeios nos Bosques da Ficção.
Com efeito, trata-se de discursos em geral dirigidos a um público bastante vasto e versam todos sobre as funções da literatura, sobre autores que Eco tem longamente frequentado, como Nerval, Joyce e Borges (mas também Aristóteles e Dante), sobre a influência de alguns textos mais ou menos literários sobre o desenrolar dos acontecimentos históricos, sobre problemas típicos do narrar, como a representação verbal do espaço, a ironia intertextual, a natureza dos mundos possíveis da ficção, e sobre alguns conceitos-chave da escrita «criativa», como o símbolo, o estilo, o «calço» (ou seja, os momentos aparentemente «mortos» e meramente funcionais no desenvolvimento de uma forma artística).
Em algumas destas intervenções, e especialmente na última («Como Escrevo»), Eco escolhe como exemplo e objecto de reflexão a sua própria actividade de ficcionista, mas até os ensaios em que não fala directamente de si não deixam de lançar luz sobre o seu modo de fazer literatura.
Escritos ocasionais, portanto, que revelam uma continuidade de interesses, um constante remontar às mesmas fontes de inspiração. Escritos que, mesmo quando se referem aos temas e problemas de uma semiótica da literatura, desenvolvem uma reflexão sem recurso a tecnicismos, fazendo surgir as ideias de uma apaixonante panóplia de exemplos concretos.