Habituados a que a escolarização universal e prolongada seja para nós uma experiência natural, é fácil perder de vista que isso sucede de modo artificial, dentro de um sistema educativo que tem o poder de regular quem nele entra, como o faz, que caminhos se prevêem para diferentes tipos de alunos, o que se espera deles ou como trabalham os professores. Presumir que a estrutura do sistema educativo e o seu funcionamento peculiar constituem uma resposta coerente às necessidades sociais, pressuporia o desconhecimento de que tal sistema é o resultado histórico de inúmeras forças que se somam e se contradizem; de projectos, conflitos e resistências que desembocaram numa realidade cultural que poderia ter sido de outra forma.