Na contramão de tantos heróis romanescos, Matthieu e Libero não querem mais saber de Paris. Amigos desde a infância, os dois renunciam aos estudos de filosofia e às promessas da metrópole para retornar à Córsega e assumir a gerência de um bar. Em pleno verão, não faltam clientes e garotas, a bebida é farta e o negócio prospera. Tudo vai bem nesse que parece ser o melhor dos mundos possíveis, feito à imagem e semelhança de seus jovens demiurgos. E tudo continuaria assim, não fosse a persistência com que O sermão sobre a queda de Roma cuida de demolir toda e qualquer ilusão de seus protagonistas. Num movimento vertiginoso, o romance de Jérôme Ferrari faz do bar dos dois amigos o ponto sobre o qual se abatem os fantasmas do desejo e da história, os próprios e os alheios. Ao fio dos capítulos, vai se armando uma grande coalizão: as pequenas misérias da vida de aldeia juntam-se às grandes catástrofes do século XX, a queda do império francês mistura-se ao fim do poderio romano, a figura de um avô amargurado confunde-se com a de um bispo da Antiguidade. Tudo para pôr fim à utopia erótica e etílica de Matthieu e Libero - e para fazer de Jérôme Ferrari um dos nomes decisivos da narrativa francesa contemporânea