«Corria o ano de 1991 quando a RTP Porto decidiu apostar no programa “Bom Dia Portugal” e me lançou o desafio de o apresentar com Manuel Luís Goucha. Um programa que juntava informação e entretenimento. Era toda uma manhã de televisão, cinco horas em direto em que, de meia em meia hora, tinha notícias do dia a dia que me cabia apresentar.
Numa iniciativa louvável, os responsáveis da RTP decidiram que nesses espaços de informação devia estar uma intérprete de língua gestual. Fui, por isso, dos primeiros profissionais de televisão a contactar com esta realidade, pois ao meu lado, na mesa onde apresentava as notícias, sentava-se a Amélia, uma empresária que tinha na língua gestual uma paixão e sobretudo uma dádiva aos outros.
Quando me convidaram a prefaciar este livro, lembrei-me desses tempos e da Amélia, do esforço que ela fazia para todos os dias estar de manhã bem cedo na RTP para oferecer aos telespectadores surdos a paixão do seu trabalho. Todos os dias, de segunda a sexta, eu falava, a Amélia traduzia.»
Júlio Magalhães