Na ilha da Madeira, na segunda metade do século XIX, Eugénia Maria desespera com o estado de saúde da sua filha Isabel, de quinze anos, vítima de tuberculose: esta encontra-se cada dia mais fraca e o veredicto do médico não inclui a promessa de melhoras.
Para a animar, a mãe resolve contar-lhe o segredo da própria paternidade, sobre o qual Isabel nunca deixara de fazer perguntas.
Mas a história começa, naturalmente, muito antes, no dia em que nasceu a avó da rapariga, em Março de 1775.
Acompanhamos, pois, a vida fascinante de uma das netas do marquês de Marialva, educada no Brasil por uma mestra com ideias independentistas e, mais tarde, dama da corte e aia da princesa Carlota Joaquina.
Assistimos à sua paixão por William Beckford e à sua obediência cega a Deus e à coroa.
Vemo-la abandonar o Paço na companhia de um médico e passar o resto da vida chamando «afilhada» à filha em conventos aonde chegam com atraso as notícias das Invasões Francesas e as cartas de uma amiga que se propõe interceder junto de D. João VI para reparar todas as injustiças contra elas cometidas.
Baseando-se em factos reais, depois de uma pesquisa de cinco anos nos lugares onde viveu Eugénia de Meneses, consultando espólios de várias famílias e documentos sobre a época, Cristina Norton brinda-nos com um romance histórico notável, onde o rigor convive com um humor e uma legibilidade capazes de prender o leitor até à última página.