"Este «Século de Sartre» é, antes de mais, uma época, a nossa época, toda ela feita de esperanças, de utopias e de obstinações, em que Sartre, para o melhor e para o pior, foi uma figura dominante.
Como pôde este homem-monumento, no espaço de uma vida, desviar toda a evolução do pensamento? Com que ímpeto - metafísico, político, literário e existencial - conseguiu Sartre encarnar, na perfeição, estes nossos tempos de som e de fúria?
Este é o primeiro enigma que esta pesquisa filosófica procura perscrutar.
Mais surge-nos um outro enigma:
- Sartre? Qual Sartre? Haverá algo em comum entre o homem livre de A
Náusea e o simpatizante estalinista que lhe sucede? Entre o stendhalismo da guerra bizarra e o militante da guerra-fria? Entre o filósofo genial que, desde cedo, descobre todas as vacinas contra o totalitarismo e o pensador que, mais tarde, descura a sua própria imunização? A questão que colocamos é pois a seguinte: como pode um intelectual pensar o Mal e, no momento de decidir, permitir-se a ceder-lhe?
Esta pesquisa abrange, enfim, a quase totalidade das figuras e dos movimentos que acompanharam Sartre no seu século.
Céline e Gide. A militância e Flaubert. Bergson e Heidegger. Hegel, Nietzsche e os maoístas. O Diabo e Deus Nosso-Senhor. Veneza, os bastidores dos teatros, o terceiro mundo e o Castor. Tudo isto constitui um emaranhado de ideias, de acontecimentos, de desafios, de derrotas e de tragédias que ainda mantêm cativa a nossa modernidade. Nela se ouve o rumor do tempo que se cumpre. Nela se distinguem, provavelmente, as linhas de força do tempo que se anuncia".
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