Na década de 1930, o salazarismo tinha um projecto, um princípio de acção: era uma utopia conservadora, de cariz católico, muito próxima da doutrina formulada nas encíclicas papais. Em O Roubo das Almas, procura- -se caracterizar esse projecto, seguindo três linhas de análise: a da formação de Salazar e da sua actividade como militante católico; a das posições da Igreja portuguesa e das elites a ela próximas, face às grandes questões que marcaram a vida europeia da década de 1930 e a da política externa nacional, nessa mesma fase. Um lugar particular é dado à guerra civil espanhola, pela importância que teve na definição do regime salazarista, servindo de elemento de decantação das ideias e das políticas - como resulta do estudo da correspondência trocada a uma entre Salazar, Armindo Monteiro (em Londres) e Teotónio Pereira (em Madrid), que mostra como, de 1936 a 1939, se vai passando de uma perspectiva meramente ideológica do conflito a uma visão estratégica das relações de Portugal com a Espanha de Franco, as potências do Eixo (Alemanha e Itália), e a velha aliada, a Inglaterra.