Roll Over fica como um retrato de uma época que ainda está (em certa medida estava) por fazer e que sem dúvida gerará outros que o completem; numa época em que a imagem digital faz desaparecer a importância da fotografia e do snapshot pela imensidão de imagens que se podem gerar em cada segundo, este é um arquivo valioso para a memória destes anos e que complementa qualquer história do "rock português". Mas é-o sobretudo pelo estilo de aproximação, pela forma como sublinha a cena em detrimento do personagem individual que nela se destaca, o acto, em detrimento da pose, a dinâmica literal em detrimento do esteticismo.
Margarida Medeiros
Isto é certamente fotografia tribal. Havia então outras tribos, com outras marcas identitárias. Nós - o José Paulo, eu também - fazíamos parte desta tribo. Mas nunca pensámos na publicação destas fotografias «escondidas» (conhecidas de poucos e quase todas inéditas) para alimentar o mercado da nostalgia e do narcisismo. Por mim, tento vê-las na sua dupla essência: valiosos documentos sociológicos e espécimes da nobre arte da fotorreportagem.
João de Menezes-Ferreira