Ler Alçada Baptista é sempre, de alguma forma, um reencontro. Para quem o tem e acompanha o seu percurso de escritor, é como retomar uma conversa interrompida algures, que se continua com renovado prazer. Ao acompanhar a vida de Francisco, o personagem central deste romance, ao longo das suas escolhas, da sua procura, ele que deliberadamente escolheu a via do sonho possível, da busca dos valores mais essenciais -, ao acompanhá-lo nas suas deambulações pelo mundo, pela história, ao sabor dos acasos, encontros e amores - já que para o protagonista a cumplicidade com o feminino se configura como um «aceno do futuro» -, o leitor é levado a tomar consciência de uma forma de questionamento radical. Radicalidade que decorre do facto de ser a toda uma vida que se faz um balanço, tendo por contraponto esse horizonte que é a morte. Deus? Possivelmente. Mas um Deus que ri, um Deus que joga, no sentido lúdico do termo, um Deus apaixonado pela pura alegria de existir.