Dante, hoje, desceria ao inferno com uma câmara fotográfica. Talvez ainda lhe sobrasse alguma película quando entrasse no purgatório, porém é duvidoso que viesse a encontrar um céu para fotografar. Mas na viagem que é este livro, não precisamos de um Virgílio para nos indicar o caminho. Sebastião Salgado é, sozinho com a sua câmara, o guia e o narrador. Digamo-lo doutra maneira: o guia e o poeta. — José Saramago