Renascimento Privado é o último, e talvez o mais belo, de todos os livros de Maria Bellonci, e foi agraciado, em 1986, com o prémio Strega.
Arquitectado ao longo de trinta anos de árdua investigação, é um romance magnífico e sumptuoso que concilia a riqueza da documentação e da reconstrução históricas com a vertente mais autêntica e intuitiva da criação literária.
A escrita, concreta e alusiva, evocadora de ambiências, envolve, com o seu manto de poeiras romanescas, figuras e sentimentos históricos ? de Leonardo a Rafael, de Maquiavel a Pico della Mirandola, entre muitos outros pintores, poetas, músicos, filósofos, reis e imperadores.
Na narrativa refulgem as majestosas cintilações de uma época esplendorosa, profícua em contrastes, matizam-se as subtilezas dos tons, carregados, vivos, suaves, entretecidos nesta complicadíssima tapeçaria onde se vão desenhando amores, paixões, medos, rivalidades, astúcias, segredos, cumplicidades, solidões, destinos.
Isabella d?Este chega a Mântua com dezasseis anos, noiva de Francesco Gonzaga, pouco antes de se desvanecer o sonho de um equilíbrio pacífico em Itália e do início de um longo período marcado por contínuas invasões estrangeiras.
No tumulto das reviravoltas, rupturas e alianças entre os pequenos Estados italianos, será Isabella, Marquesa de Mântua, quem terá, em suas mãos, a defesa daquela cidade.
A autobiografia de uma mulher extraordinária, que reflecte, nos seus múltiplos cambiantes, o profundo amor que Bellonci sempre dedicou ao estudo do Renascimento e nos permite saborear «essa inexaurível substância própria dos livros verdadeiros».