Em plena idade de ouro das descobertas, nasce em Portugal João Rodrigues, cristão-novo que, sob o nome de Amato Lusitano, se viria a transformar num dos médicos mais notáveis do século XVI, tendo tido como paciente o próprio Papa Júlio III. Também médico, Éric Masserey procurou, na biblioteca municipal de Castelo Branco, reconstruir parte da biografia e do legado deste português insigne. A meio da investigação, deparou-se com uma carta intrigante, uma mescla de ladino e de grego, destituída de pontuação. A remetente e o destinatário ganharam, desde logo, vida na imaginação do escritor e o périplo de ambos pela Europa - de Salónica a Salamanca, por barco, de mula ou a pé - passou a ser a sinopse de "Regresso às Índias". Nas páginas do romance, as personagens e os factos históricos (desde a Batalha de Lepanto até Camões e Garcia de Horta) convivem com o fôlego da ficção, capaz de condensar um mundo: o mundo da Renascença, em que o progresso científico se debate com a intolerância, a peste e as perseguições.|Éric Masserey nasceu no cantão suíço de Valais. A par dos estudos em medicina, os anos de formação incluíram diversos estágios num hospital argelino e uma estada prolongada na Nova Zelândia, episódios que consolidaram um gosto inato pelas viagens. Poderia inclusivamente ter sido pediatra no remoto Butão, mas a clínica para a qual iria trabalhar encerrou. Ao invés de paragens longínquas, vive atualmente no cantão de Vaud, com a mulher - também médica - e três filhos. Não deixou, porém, de viajar, porque dedica, pelo menos, um dia por semana à escrita, tendo publicado romances e peças de teatro num total de cinco títulos. A ficção constitui, aliás, um pretexto para excursões não só da imaginação, mas do próprio corpo, porque Masserey percorreu, por exemplo, todas as cidades que integram o itinerário das personagens de "Regresso às Índias".