As representações sociais da justiça mudaram com os tempos. O juiz da antiguidade é oráculo do indizível e intermediário dos deuses e, por isso, envolvido na transcendência das religiões e dos mitos; o da Idade Média é longa mão dos senhores feudais e, deste modo, servidor de poderes dispersos; na modernidade, segundo a metáfora de Torga e a pantomina de Chaplin, o juiz tende a ser «parafuso sem-fim da engrenagem social»; na pós-modernidade, dir-se-ia uma espécie em busca de refundação, ofuscado pela incandescência de novos actores sociais mas, paradoxalmente, último responsável pela «ordem» e pela «desordem».