Estes contos de Marta Morazzoni estão situados num passado mais ou menos longuínquo, pondo em jogo figuras históricas europeias lado a lado com personagens fictícias mas não menos verosímeis. Os grandes temas recorrentes são aqui a viagem, a doença, a morte, a distância, mas um fio subtilíssimo liga todos estes contos - o fio da crueldade - que não reside tanto no facto de alguém sucumbir à dor infligida sem reagir, como nesse vertiginoso inimigo dos nossos sonhos: o tempo, tempo ínfimo e sem relevo visível, que se esconde em instantes vividos, que mede a existência mas não se deixa medir por ela. Uma obra que já é considerada pela crítica internacional como uma das grandes revelações da década de 80.