«A filosofia começa com os Gregos. É uma trivialidade dizê-lo, mas é uma trivialidade verdadeira. É certo que os princípios da filosofia grega prolongam a sabedoria oriental, babilónica ou egípcia, nomeadamente no que diz respeito às teorias da criação do cosmos, as cosmogonias, e à ideia de um caos primordial a partir do qual tudo se organiza (o caos transforma-se em cosmos). Mas é com os Gregos que se acrescenta à interrogação sobre a origem do cosmos aquele que é o gesto inaugural da filosofia: uma reflexão sobre o próprio ato de pensar e sobre a origem do pensamento no espanto, ou maravilhamento, com a própria existência de um mundo ordenado, de um cosmos. Uma reflexão que se desdobra num inquérito sobre a natureza da nossa vida moral e política, e sobre a essência da beleza. Estes três temas - natureza, moral e beleza - manter-se-ão os três objetos principais da filosofia ao longo da sua história, ao ponto de quase se poder dizer que a filosofia consiste nas várias formas de os pensar e de os ligar entre si.»