Cortaram ao meio a cidade, o país, o mundo, dividiram pela espinha as avenidas e as tílias e as ruas e os chafarizes das praçãs, talharam em fatias as casas e as famílias, serraram ao meio as pessoas - um braço e uma perna para o lado de cá, o outro e a outra para o lado de lá...serraram ao meio o crânio, o cérebro e o pensamento, os olhos e os aspectos , os ouvidos e as vozes, os narizes e os cheiros, a boca e os paladares, o peito e os respiros dos sentimentos.
A uma parte e outra fenderam estômago e tripas, os apetites e as fragilidades humanas, impediram, com mutilar pelo eixo as matrizes e as bolsas da semente, o congraçar de raças e povos.
Apartaram em duas metades o coração - ui, Jesus! - o marido da esposa, o filho dos pais, o irmão do irmão, o namorado a uma banda, a amada à outra, como Píramo e Tisbe em segredo a combinarem por uma frincha da parede a fuga fatal.