O livro que pretende recolocar a ênfase no doente enquanto pessoa, com todas as suas referências sociais, pessoais, etc. Que se recusa a a falar apenas de métodos, classificações, formatações e procura entender a pessoa, na sua Humanidade, advogando que se repense a psiquiatria em geral. Dirigido a profissionais da área, mas também aos doentes e seus familiares. A linguagem, por vezes «técnica», não deixa de ser compreensível.
Se a obra As Quatro Dimensões do Doente Depressivo mais méritos não tivesse, teria pelo menos o condão de colocar de novo o doente depressivo no centro da problemática médico-psiquiátrica e psicológico-social: o doente em detrimento da doença, a circunstância em lugar do destino e da fatalidade.
Nesta obra o autor ousa interrogar-se e interrogar os leitores sobre as profundíssimas ligações bio-psico-sociais e as intrincadas relações etológico-éticas que de alguma forma definem a humanidade do homem, criando um novo modelo de entendimento do adoecer depressivo. O autor descreve em linguagem sugestiva e viçosa, sem todavia descurar o rigor, as quatro dimensões do doente depressivo, apresentando-as como se do Homem Total irradiassem quatro eixos luminosos e estes – total ou parcialmente – , por razões etiológicas diversas, tivessem perdido o brilho ou mesmo a luz.
Francisco Alonso-Fernández revela-se nesta obra um cientista multifacetado, um pensador que alia a sua vasta e ecléctica cultura ao rigor científico, alguém que liga a longa e sólida experiência clínica à frescura da novidade, um autor atento às complexas questões do seu tempo, um homem aberto à reformulação dos conceitos, por mais enraizados que estes estejam.