Tinha nome de anjo, chamava-se Gabriel, e logo na primeira consulta disse ao que vinha: era Deus e queria desabafar. O Psicólogo, que já tinha visto de tudo, ficou perplexo: o homem à sua frente não parecia particularmente alucinado. Voz suave, segura, sabia o que queria. E queria desabafar.
Ao longo das semanas seguintes, sempre às terças-feiras, Gabriel voltava. Falava de si, das dores do mundo, da esperança, do amor. O Psicólogo ouvia, fazia as perguntas da praxe, cada vez mais perturbado. Porque afinal era o paciente que lhe lia a mente e porque, a cada nova consulta, o Psicólogo descobria em si próprio uma transformação subtil, à medida que todas as respostas lhe iam sendo reveladas...
O Psicólogo de Deus não é apenas um livro, é uma porta que se abre, e nos convida a entrar. Por momentos também nós estamos naquela sala, sentados à frente de Gabriel. Podemos ter todas as dúvidas, fazer todas as perguntas. Na certeza de que Ele nos vai ouvir, e mesmo sem nos tocar, vai estender-nos a mão.