«Há sempre uma verdade das personagens que está escondida — por vezes delas próprias (através de complexos mecanismos de defesa) — e o trabalho da ficcionista é trazer essa verdade à superfície. Com extraordinária precisão, Munro cruza os vários tempos de cada história, organizando-os em torno de uma epifania, de uma revelação, momentos que tornam tudo mais claro (ou mais insondável), reverberando depois através da existência de quem os presenciou, em muitos casos fixando um sentimento que é levado ao extremo (desespero, compaixão, amor). São “clareiras na vida”, sugere Munro. Lugares onde as coisas ganham sentido. E em que nós, leitores, entramos siderados.»
José Mário Silva, Expresso