Companheiro de Eça de Queiroz, de Ramalho Ortigão e de Antero de Quental em diversas batalhas cívicas e intelectuais, Augusto Fuschini foi um dos Conferencistas do Casino que em 1871 viu proibida a sua palestra por decisão governamental.
Com certeiras e acutilantes pinceladas, Fuschini, escrevendo em 1899, retrata os caracteres principais da sociedade portuguesa do seu tempo - que representam afinal, ainda hoje, as debilidades e os vícios da portugalidade.
O que mais impressiona neste luminoso fresco do final do nosso século XIX é, com efeito, a sua espantosa - e deveras preocupante - actualidade: a imoralidade dos governantes, sempre escudada na impunidade; a resignação fatalista e a subserviência medrosa dos governados; a falta de verdadeiros estadistas, assim como o cinismo e a inépcia dos poderes públicos; a inveja e o egoísmo; a repugnância pelo trabalho, mas também a profunda indiferença pelo pensamento e pela discussão crítica.