Em ordem cronológica, obedecendo a critérios pedagógicos claros, de fácil e agradável acesso, são-nos expostos assuntos de importância primordial para uma adequada percepção do passado angolano remoto e próximo. Igualmente nos garante o Autor um quadro metodológico do fio dos acontecimentos e de prováveis desenvolvimentos determinantes ao aparecimento da Angola moderna, que competirá depois a outros aprofundar ou criticar em caso de necessidade ou desacordo. Destaca-se nesta obra o cuidado de David Birmingham em procurar compreender a História de África a partir de uma perspectiva que corresponda aos mais que legítimos interesses dos africanos, bem como a sua preocupação de conseguir inscrevê-la no âmbito mais alargado de um entendimento onde se insere a expansão europeia, neste caso, em primeiro lugar, a portuguesa. De sublinhar é também a atenção particular que ele dedica à interacção entre os africanos e portugueses, negros e brancos, nos mais diversos campos de encontro de ambos ao longo de épocas sucessivas.
Considerado muito justamente como um dos pioneiros da moderna historiografia angolana, ou seja, aquela que se distingue por uma visão dos homens africano e angolano finalmente ajustada aos seus próprios interesses e idiossincracias mas não colidindo com valores universais reconhecidos, David Birmingham tem-se notabilizado também por impor a noção de uma história africana independente, extirpada de falsos conceitos e de ideologias ultrapassadas. Portugal e África está nesta linha e constitui uma introdução temática à História de Angola, preenchendo uma grave lacuna até agora existente nesta historiografia.