No terceiro quartel do século XX, durante um período revolucionário de dois anos, alguns portugueses inverteram com êxito o sentido histórico de Portugal. A fundamental mudança que se verificou em Portugal, em 1974/1975, foi essa inversão e o abandono da Pátria Ultramarina. Trata esta obra de Portugal, não dos regimes ou dos sistemas de governo, mas da doutrina e da política ultramarina portuguesa, tentando descortinar as razões que motivaram alguns portugueses a defender o sentido atlântico e luso-tropical que tinha garantido a independência de Portugal ao longo dos últimos oito séculos, bem como as motivações de outros que optaram pelos caminhos do continente, da Ibéria e da Europa civilizada, sacrificando, a partir de Julho de 1974, com sangue, destruição e tragédias sem paralelo, pedaços da Nação. Nesta obra defende-se, portanto, contrariamente ao que defendem os dirigentes saídos da revolução de 1974/1975, que a instauração de um regime democrático não exigia a destruição do Portugal Uno que estava em construção. Outros regimes, outros sistemas de governo, outras elites, outras gerações de portugueses tudo fizeram para preservar a Pátria d’aquém e d’além-mar.