Estas são memórias dos 30 anos em que trabalhei na investigação de homicídios.. Em alguns poucos casos que tive que as complementar com alguma imaginação para preencher uma ou outra falha de memória. Em outros, também recorri à imaginação para conseguir uma abordagem mais ampla de temas fraturantes da nossa sociedade que determinados casos refletem. Fi-lo, porém, sempre com base em situações que fazem parte desta minha vivência,sem desvirtuar o sentido do real. Não procurei uma estrutura uniforme na sua concepção, diversifiquei, e tentei fugir ao estilo relatório de polícia, evitando descrições demasiado factuais, pormenorizadas ou técnicas sem, contudo, deixar de revelar aspectos do funcionamento da investigação criminal e da sua concretização processual. Procurei retratar pessoas, ambientes e mentalidades, assim como manifestei a minha posição sobre temas polémicos que não representa, de modo nenhum, os investigadores da Polícia Judiciária. Sou voz, não sou porta-voz.