O presente estudo tem uma finalidade centralizante: verificar e demonstrar a existência de um projecto na e da literatura portuguesa, no período convencional que vai de 1850 a 1974, caracterizado pelo empenho de unir a criação de poesia à mais profunda e complexa realidade sociopolítica do país. A escolha das duas datas extremas já define, de certa maneira, a intenção que guia a nossa análise, isto é, 1850 como momento directamente ligado às primeiras manifestações socialistas em Portugal; 1974, evento culminante da objectivação do ideal socialista, longamente cultivado, com a Revolução dos Cravos. Neste amplo e difícil percurso histórico – naturalmente com as características próprias de cada época e sempre num continuado processo de evolução dos factos formais da linguagem – a poesia portuguesa moderna e contemporânea criou e produziu um diverso, revolucionário “poema”.