Então, cristalizaste-os em versos e, depois de os ordenares para fazerem livro, concedeste-me o privilégio e o prazer da sua leitura acrescidos da responsabilidade e honra de os apresentar e ficar ligado a eles para que a nossa amizade ficasse selada e tornada pública.
Posso dizer-te, condensando o meu pensamento, que, tal como o mar que te entra em casa pela janela e citas recorrentemente, os teus poemas, ora se encrespam em ondas alterosas que se fazem choro na penedia, ora rejeitam nas horas de enchente cadáveres de sargaços ainda húmidos que espalham à toa, ora se estendem pacíficos sobre a praia tentando apagar todas as pegadas e todas as marcas retidas pela areia, ora nos oferecem conchas que trazem dentro, aprisionado, o bramido de todos os oceanos da terra.
(Do prefácio)