Com mais de oito séculos de história, Portugal é um Estado-nação que procura afirmar-se no sistema geopolítico mundial com base na sua experiência universalista. Pioneiro, no século XV, nas descobertas além-mar que o transformaram em império colonial, pluricontinental e multirracial, o País regressou à sua fronteira europeia no último quartel do século XX. Pelo valor geoestratégico do seu território foi membro fundador da Aliança Atlântica (1949), mas só o fim do regime político autoritário (1974) lhe abriu as portas das Comunidades Europeias (1986). Com a instituição da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (1996) está criado o terceiro "grande espaço" ao qual se liga e estabelecidas as suas primeiras fronteiras de segurança (OTAN), económico-social (UE) linguístico-cultural (CPLP). Chega ao século XXI integrando dois "actores globais" do sistema geopolítico mundial (OTAN e UE) e dinamizando o bloco lusófono (CPLP) - onde se destacam, pela sua relevância regional (manifesta ou latente), o Brasil e Angola. O seu envolvimento no sistema internacional faz-se através de três "triângulos estratégicos" - de matriz, respectivamente, nacional (continente-Açores-Madeira), lusófona (Portugal-Brasil-Angola) e mundial (UE-OTAN-CPLP) - e o seu poder nas relações internacionais está directamente relacionado com a sua capacidade de maximizar esses vínculos mediante uma política de "geometria variável". A globalização coloca-o perante o desafio de se assumir como um pólo da rede em que se transformou o sistema mundial e requer um conceito estratégico nacional que optimize a mais valia que resulta da sua identidade europeia, atlântica e lusófona.