Se a concepção relacional de «conhecimento», que liga um sujeito a um objecto, só começa a fixar-se no séc. XVII, na obra de Descartes, é legítimo perguntar como seria este entendido na Antiguidade. A interrogação é tanto mais pertinente quanto dela depende a compreensão da filosofia clássica.
O objectivo deste trabalho é seguir, no Poema de Parménides e nos diálogos platónicos, a transformação pela qual, a partir de um estado infalível, a cognição passa a ser encarada como um processo construtivo para o qual concorrem a «verdade» e a «falsidade».
Nesta perspectiva, a «teoria das Formas» e a «reminiscência» perdem os seus contornos míticos e dogmáticos para se assumirem como as bases racionais sobre as quais assentará o conhecimento.