Comércio, investigação e comunicação constituíram os factores mais relevantes na África Centro-Ocidental no século XIX. Este livro tem como objecto principal as caravanas de carregadores que, nesta altura, criaram uma densa rede comercial e de comunicação no interior de África, adaptando-se de uma forma muito flexível às realidades económicas e políticas em rápida transformação. O mérito próprio dos africanos na exploração da África Central é apresentado, neste livro, através de uma multiplicidade de perspectivas. A interligação destes empreendimentos africanos com o desenvolvimento transatlântico e o desenvolvimento interno africano, as condições quotidianas das viagens em caravana, assim como as suas estruturas complexas, são outros aspectos centrais deste trabalho. O processo que essas caravanas desencadearam ultrapassou a importante dimensão político-económica da época. Percorrendo longas distâncias, criaram novos espaços de comunicação, ou seja, aumentaram os existentes e, ligando os locais entre si, criaram espaços supra-regionais. Os chamados Ambaquistas, detentores de uma cultura mista luso-africana e predominantemente negros, embora se considerassem brancos, desempenharam um papel muito importante e em diversos aspectos foram os pioneiros africanos por excelência no Ocidente da África Central.