O trabalho de Pedro Calapez, nascido em Lisboa em 1953 e com primeiras exposições significativas após 1983, situa-se no caminho dos que, nas difíceis condições epistemológicas criadas pela crise do modernismo, interrogam os modos e os meios de continuar a entender o mundo através da pintura e das imagens representativas. No contexto nacional, Calapez surge na chamada década do «regresso à pintura», os anos 80. O seu nome, com os de Pedro Cabrita Reis, José Pedro Croft, Rui Sanches, Rosa Carvalho e Ana Léon, integra um bloco geracional específico e muito afirmativo. Frequentavam ainda a ESBAL - Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (apenas Sanches vem de uma formação internacional), tinham nascido em meados da década de 50 e agrupavam-se numa comum acção de agitação que não disfarçava, antes se alimentava das diferenças individuais.Essa comunhão provocatória foi acompanhada por uma crítica geracionalmente comprometida, e culminou numa exposição colectiva de consagração institucional e mesmo de mercado, Arquipélagos (Lisboa, Sociedade Nacional de Belas-Artes, 1985), a partir da qual as suas carreiras definitivamente se individualizaram.