Trata-se de um levantamento sistemático dos edifícios, monumentos e sítios que de alguma maneira revelam traços de influência portuguesa, possuem um valor patrimonial, e se situam em África, na Ásia ou na América do Sul. É uma obra que pretende recolher informações dispersas fornecidas pela investigação especializada publicada em todo o mundo acerca da história e das características formais desses mesmos edifícios, monumentos e sítios, de modo a poder justificar o valor patrimonial que lhes é atribuído.
Os principais objectivos são os seguintes: fazer a história da criação e posteriores alterações de cada sítio ou edifício considerado, relacionando-as com o contexto em que estiveram inseridos; justificar o cuidado com que devem ser preservados, tendo em conta a sua importância patrimonial; sustentar e clarificar a memória dos contactos dos portugueses com as várias civilizações não europeias nas regiões consideradas; cultivar os laços que porventura ainda liguem certas comunidades locais a Portugal; e, enfim, contribuir para definir com maior rigor expressões culturais características dos países não europeus tornados independentes nos séculos XIX e XX, por contraste com as contribuições de origem portuguesa.
O carácter sistemático do levantamento, que inclui não só os monumentos mais célebres como também outros mais modestos, permite, no futuro, desenvolver estudos comparativos devidamente fundamentados, tanto do ponto de vista da História da Arte, como da História da Civilização em geral, ou seja com o estudo das técnicas da fortificação, do ordenamento do território, da difusão de infra-estruturas e equipamentos odernos ou de processos produtivos até então desconhecidos nos territórios onde foram criados. Permite também um conhecimento objectivo, isto é isento de preconceitos ideológicos, do que foi a administração colonial portuguesa. Sendo um corpus tão completo quanto possível de uma categoria bem definida de elementos que podem ser classificados de várias formas, constitui, por isso, a base de análises comparativas de carácter quantitativo e qualitativo. Julgamos, assim, poder ultrapassar as condições historiográficas que propiciavam, entre o século XVI e o século XX, a formulação de interpretações subjectivas baseadas em juízos históricos sumários e inexactos acerca da expansão portuguesa, umas vezes exagerando a sua importância em exaltados discursos míticos ou utópicos, outras de sentido contrário, que a equiparavam a uma vasta operação ditada sobretudo pela exploração e a ganância.