«Não confundas a vida com o teatro, dissera-me Rosa; e eu ouvia as mesmas palavras na boca da historiadora ao dizer-me que não devia confundir o que nasce da investigação histórica com o que realmente se passou, numa determinada época. A história do passado, somos nós que a fazemos, e não os seus protagonistas; e eu pensava nisto como se fosse uma aberração, pondo em causa todos os livros que lemos e por onde estudámos a evolução do mundo e das sociedades.
Seria tudo uma pura ficção? Então, disse-lhe, a verdadeira história está nos romances, porque aí é onde o homem projecta a sua realidade, entre o que viveu e o que sonhou, sem qualquer preocupação de construir uma cena dominada pela verosimilhança que os acontecimentos conferem ao que se escreve.»