O mais recente livro do escritor retoma o naufrágio de um navio alemão no fim da Segunda Guerra. Grass é um escritor político. Em "Passo de Caranguejo", o narrador vai ligar a história da Alemanha à desgraça da sua vida pessoal, tentando dar sentido às duas. Mas, ao contrário de "O Tambor", o seu romance mais célebre, aqui essa conexão não é feita por meio de recursos alegóricos, e sim por uma linguagem simples, que intercala facto e ficção, chegando por vezes a um realismo quase documental. O romance é construido a partir das vidas de três indivíduos que se cruzam por casualidades históricas: Wilhelm Gustloff, um militante nazi assassinado na Suíça e transformado em mártir pelo Terceiro Reich, o estudante judeu que o assassinou, e o comandante do submarino russo que pôs a pique, em 1945, o navio baptizado com o nome do militante assassinado. Três indivíduos que, por uma série de coincidências, terão efeitos determinantes na vida pessoal e familiar do narrador, um jornalista que sobreviveu recém-nascido, nos braços da mãe, ao naufrágio do Wilhelm Gustloff. Mais de 4000 bebés, crianças e adolescentes morreram.