“Para que servem os Avós?” é uma interrogação que tem tanto de natural como de perplexo. Como tão bem diz o autor, “os avós são um rio que sempre se interroga”. Por isso, nos convida, com profunda sensibilidade, a um itinerário na primeira pessoa do singular. Através de uma avó que, num registo diarístico, nos interpela. Onde a interrogação tem a resposta da sabedoria. Sem lugar à dúvida do relativismo e à doença da indiferença. Li o livro tentando cruzar a minha própria experiência no caminho da minha existência: a de avô, de pai, de filho que sou e a de neto que já fui. Como no livro, procurando entender tempos e modos, essência e detalhes, princípios e opiniões, exemplos e autoridades, circunstâncias e redundâncias. E assim lendo, encontrei na bela estética formal da obra, o vigor da autoridade afectiva e simbólica de se ser avó ou avô e que está muito para além da autoridade formal de simplesmente se estar como avó ou avô.