Obrigada
Apresentaste-me as letras,
Meu pai.
De outra forma
Como poderia conhecê-las?
Dantes
Era uma incauta campânula,
Fechada sobre o seu corpo
Insciente do que não conhecia.
Bebia do leito do conforto
Que a ignorância me oferecia,
Estendida no berço de dosse.
São assim as crianças,
Como eu fui,
Num tempo de páginas vazias,
Ocas de gravuras,
Desprovidas de sentido.
Mas t,
Meu pai,
Abriste as minhas asas de papel
E lançaste-me para o céu azul,
Cortando as cores do arco-íris
Com aqueles castos olhos.
Sem ti,
Tudo o que um dia escrevi
Não existiria.
Como poderiam ter as letras significado
Se não te entendesse?
Como marcarias as páginas?
Agora
Todas elas terão o teu timbre
Num invisível que nunca
[conseguirei deixar de ver.